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Naturalidade das Coisas
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INTRODUÇÃO

Reunindo noções de psicologia, economia (minha área de formação), política e muitas notícias, busco tornar o entendimento do mundo atual um pouco mais compreensível. Para tanto, aplico conceitos da ciência comportamental (normalmente focada no indivíduo), a grandes ambientes, como o político e econômico, através de muitos exemplos. Sou um produto dos tempos atuais, e não escreveria o que eu escrevo aqui se vivesse em outra época. O mundo contemporâneo, a criação que tive, os meios que frequentei, as diferenças sociais que observei, as músicas que ouvi, esses e muitos outros fatores moldaram a minha visão de mundo e minha interpretação da ciência comportamental. Entendi que as pessoas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento da sociedade atual são, no limite, apenas pessoas, tal como eu e você e, assim, me junto a elas em uma tentativa de contribuir para os debates acerca deste vasto e interessante tema.

Agregados macroeconômicos, como o ritmo de crescimento econômico e aumento de preços, estão intimamente ligados à tomada de decisão de cada um dos indivíduos que compõem a sociedade, esse entendimento é básico para o estudo econômico. Mas o princípio de que o macro é microfundamentado não diz respeito somente à economia, pois decisões individuais determinam muitas outras estruturas que juntas compõem o sistema social. Mas como chegar a relações válidas entre essas variáveis agregadas e o comportamento humano?

Economistas premiados como John Keynes, Paul A. Samuelson, Franco Modigliani, Milton Friedman, entre outros, desenvolveram teorias para ilustrar essa disposição em extrair relações a nível macro do ambiente micro. São teorias que, a partir de premissas de racionalidade atribuídas aos indivíduos, chegaram a modelos que tiveram excelentes resultados e fizeram o pensamento econômico evoluir. Cada um desses economistas buscou ampliar seu entendimento dos ambientes micro da época, seus padrões e regularidades. Isto é, acharam uma referência de consumo, poupança, bem-estar e outros aspectos no ambiente micro e, a partir destas, criaram ferramentas para analisar a esfera macro, tornando o mundo mais inteligível.

Seguindo o caminho trilhado por esses e tantos outros economistas, eu procuro expandir premissas sociais do nível micro para o macro. Meu ponto de partida e foco é, entretanto, diferente. A série de textos publicada nesta página busca ampliar os entendimentos micro de tomada de decisão por motivações emocionais ou vieses comportamentais, de modo a compreender melhor os movimentos sociais e seus impactos nos agregados macroeconômicos. Os textos foram concebidos para fundamentar relações que eu identifiquei entre as esferas micro e macro e o objetivo é abrir essa discussão e o espaço deste blog para outras ideias e interpretações que possam surgir a partir desses textos e reflexões.

Nossas emoções são responsáveis por trazerem sentido e vínculos às nossas vidas. Convivemos com elas o tempo todo e fazem parte de quem nós somos. No geral, razão e emoção coexistem, mas por vezes tomamos decisões, guiadas pela emoção, que são incompatíveis com escolhas racionais. Ao nos emocionar, nós tendemos a buscar validação para a emoção sentida, sem questionar os motivos que nos levaram a ela. Para tanto, somos seletivos ao colher e interpretar informações novas e antigas (nosso conhecimento prévio) de maneira a corroborar tal emoção. Esses vieses restringem nossa capacidade crítica e, assim, nos deixam mais suscetíveis a erros sistêmicos.

Partindo dos conhecimentos no campo das emoções do psicólogo Paul Ekman, apresento como essa dinâmica influencia as decisões tomadas por cada um de nós e se configura como um padrão micro, que proponho se aplicar a nível macro. Dois textos exploram maneiras através das quais emoções podem nos deixar suscetíveis a vieses comportamentais que comprometem nossas decisões, individuas e sociais. Mais especificamente, em Emoções e Associações eu argumento que existe um vínculo entre a formação de emoções individuais e associações entre eventos ligados a um mesmo tipo de emoção. Proponho que essas associações geram reações individuais, a nível micro, e sociais, a nível macro. Em Violação de Regras Sociais reflito sobre a conexão entre emoções e regras sociais estabelecidas pelo ambiente em que estamos inseridos, a nível micro, e a aplico na esfera social a nível macro.

A partir desses dois temas, procuro entender e apresentar como esses caminhos podem nos deixar suscetíveis a vieses comportamentais que comprometem nossas decisões. Vieses comportamentais são atalhos cognitivos que reduzem o esforço necessário para tomar decisões. Entretanto, esses mecanismos muitas das vezes nos induzem a fazer escolhas incondizentes com as racionais. Estamos sujeitos a ter comportamentos enviesados o tempo todo e esses vieses influenciam até mesmo decisões importantes em nossas vidas.

Adotar comportamentos intuitivos e tendenciosos, atenuados ou fortalecidos pelo conhecimento acerca desses vieses ou a falta dele, é comum a todos. Isto é, mesmo que se tenha consciência de que estamos sujeitos a certos vieses, os praticamos. Portanto, pode-se inferir que, bem como a nossa faculdade de pensar racionalmente, vieses fazem parte da nossa estrutura cognitiva. Partindo dos conhecimentos sobre tomada de decisão dos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky, o blog tem o intuito de tratar esses vieses comportamentais como condições naturais do ser humano e apresentar como esses padrões se reproduzem em grandes ambientes quando há sincronia nas atitudes individuais enviesadas. Em Vontade de Fazer Parte, apresento a nossa vontade intrínseca de integrar grupos sociais e de nos guiar pelo conforto cognitivo, sugerido pelo ambiente em que nos inserimos, como padrão micro e o aplico ao ambiente macro. No texto Confiança e Limites, discorro sobre a nossa tendência a ter fé em nossas capacidades e nas de outras pessoas, o que leva a um relaxamento da atenção a nível individual como padrão micro com consequências macro. Em Papel da Perspectiva, analiso nossa tendência a criar um nível de referência para muitas coisas em nossas vidas e os vieses comportamentais que rodeiam esse posicionamento. Os vieses explorados nesses três textos explicam comportamentos de preços praticados e condutas sociais que são incompatíveis com a racionalidade. As reações de sociedades que são motivadas por estes componentes emocionais e vieses cognitivos me fez refletir sobre como ambientes sociais espelham comportamentos individuais e, até mesmo, assumem comportamentos naturais a indivíduos.

Estamos, muitas vezes inconscientemente, sujeitos a uma variedade de vieses que frequentemente nos levam a condutas incondizentes com a premissa racional. Apresento como a natureza de cada um desses vieses impacta a nós e ao meio que pertencemos de maneira muito específica. O texto Confiança e Limites apresenta os perigos de nos guiarmos por esse conjunto de vieses, pois fomentam movimentos artificiais e provocam instabilidade no sistema. O texto Papel da Perspectiva mostra como o conjunto de vieses referenciais interfere no sistema, coibindo e moderando nossas atitudes. O texto Vontade de Fazer Parte apresenta vieses que guiam nossas decisões através de autoridades dissolvidas, podendo trazer instabilidade ou estabilidade ao sistema, a depender do contexto.

Entendendo esses conjuntos de vieses como naturais a nós e responsáveis por boa parte de nossas decisões, bem como o é o pensamento racional, então esses comportamentos estarão invariavelmente presentes na sociedade. Essa ideia vem ganhando reconhecimento com a popularização de políticas desenhadas com o objetivo de acessar e explorar vieses específicos.

Ao desenvolver minhas ideias e textos, surgiram muitas novas perguntas. Movimentos mercadológicos se tornam mais previsíveis quando consideramos os vieses comportamentais? E movimentos sociais, estes se tornam mais previsíveis? Condutas emocionais e enviesadas podem ser parametrizadas através de dados? As políticas públicas devem acomodar ou restringir comportamentos naturais? Quais são os comportamentos considerados maléficos ou benéficos para a sociedade? E para o indivíduo?

Com base nos textos-base, construirei artigos abordando episódios rotineiros que exploram estas e outras questões, apresentando exemplos simples que evidenciam como a ciência comportamental se aplica em ambientes macro.

Torço para que apreciem minhas reflexões e espero agregar à vida de cada um a partir destas. Compartilhem suas opiniões através dos contatos no rodapé do site, sejam elas positivas ou não, mas peço que não percam a ternura ao fazê-las.

Agora corre lá para o primeiro texto Vontade de Fazer Parte que a viagem só está começando!

Muito obrigado!

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Heitor Honório
Fundador do Naturalidade das Coisas
O referido texto é uma obra autoral, de titularidade de seus criadores, desta maneira, não cabe a terceiros usufruir de quaisquer benefícios morais e patrimoniais resultantes da exploração desta criação. Do mesmo modo, o texto não poderá ser entregue a terceiros, sem a expresssa autorização por escrito do detentor dos direitos autorais.